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  • Foto do escritorTati Regis

Superno de Abel Mekasha

A escolha é sua agonia.

É com essa frase que Superno, o primeiro longa do cineasta etíope Abel Mekasha, começa. A ideia de co-existir em vários lugares, ao mesmo tempo em que não pertence a nenhum, já se mostra presente em seu curta-metragem Onipresente, inclusive selecionado para a mostra Fantástico Black Power na 11ª edição do Cinefantasy e também exibido no Marché Du Film de Festival de Cannes.


Agora, Mekasha está de volta trazendo uma ideia super original, envolvente e que dá boas discussões acerca das decisões que a gente toma e suas consequências. Na verdade, quem tem que tomar as decisões é um homem, interpretado por Esubalew Nasir. Ele foi parar numa sala fechada de decoração minimalista e acredita que foi sequestrado. Sua única forma de se comunicar com o mundo exterior é um telefone. Foi através de uma ligação, que ele descobriu que não era um refém. Mas o que raios ele estava fazendo ali, então? Ele tenta sair, grita, bate na parede, tenta arrancar os cubos pretos colados na parede, mas tudo em vão. É só ele, o telefone, a voz e suas histórias. Histórias essas que, dependendo de como for contada, podem ter consequências que eu não vou revelar aqui.



Logo sabemos que estamos diante de uma obra sui generis, e mesmo esbarrando numa técnica frágil, muito por culpa do baixo orçamento, Abel prova que boas ideias e boas histórias estão para serem jogadas no mundo e contadas. O realizador declara que se utiliza também de conceitos filosóficos e para esse filme trouxe a teoria do Entrelaçamento Quântico. "O efeito de uma partícula em outras partículas é oposto. Qualquer coisa que aconteça com uma partícula a um longo quilômetro de distância afeta outra partícula", diz o diretor.


Em Superno, a atmosfera onírica é constante e não temos partículas propriamente, mas sim seres humanos. A história avança e momentos da vida do rapaz são contadas. Outros personagens entram na trama, como a namorada, a quem ele parece querer resolver alguma pendência. Assim como ele, somos levados a questionar se ele está vivo ou morto, se é sonho, realidade ou sonho dentro de um sonho. A visita dele a uma galeria de arte com o Sr. Yared, rende bons diálogos e reflexões. A Etiópia não tem tradição em produção de filmes de gênero e Superno abraça muito o ficcional fantástico e o suspense psicológico, mesmo com uma pegada experimental, acredito que seja um filme de valor, que mereça ser visto e fico muito feliz de ver Mekasha, que já prepara seu segundo longa, de volta no Cinefantasy.


O filme estará disponível gratuitamente na programação do Cinefantasy 12 através da plataforma de streaming Innsaei.TV, entre os dias 09 e 19 de Setembro.

 

Superno (2021)


Direção Abel Mekasha

Duração 1h37min

Gênero(s) Ficção Científica, Fantasia

Elenco Esubalew Nasir, Fuad Abduselam, Debre Lebanos +


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