Uma grata surpresa, embora tardia, assistir a este filme que personifica literalmente o ditado "quando o feitiço se vira contra o feiticeiro" e por muito pouco ele não vira um tipo de Fargo com uma sucessão de erros e tragédias para o que foi minuciosamente planejado.
O filme conta a história de um casal de idosos de posição social privilegiada Henry Walsh (Julian Richings) e Audrey (Sheila McCarthy) que após perderem o neto num acidente decidem trazê-lo de volta à vida em um ritual satânico num ato tresloucado, violento e inconsequente.
Aos mais atentos com a produção nacional de curtas, será fácil lembrar de Antônia, filme premiadíssimo no ano de 2020 dirigido por Flávio Carnielli. No longa de Justin Dyck, o casal de velhinhos acima de qualquer suspeita, sequestra e algema na cama do último andar da casa a paciente de Henry, Becker (Konstantina Mantelos) que está prestes a dar a luz.
O casal frequenta reuniões de satanismo no centro comunitário, despiste perfeito para o grupo. O grande lance é que mexer com o ocultismo, mesmo para os mais experientes, pode se tornar um verdadeiro pesadelo. E foi basicamente isso que virou a vida deles ao invocar o Satanás, afinal papai do chão nunca anda só.
Parece que estamos a ver um filme do realizador italiano Lucio Fulci onde uma casa depois de um evento estranho, funciona com um dos portais do inferno com aparições de criaturas bizarríssimas e ações das quais eles já não podem mais controlar. As criaturas não aparecem a toa, elas também tem um propósito e isso achei uma bela de uma sacada do roteiro pra explicar a quantidade exagerada de fantasmas.
Não há como enaltecer a história sem falar do elenco com suas atuações primorosas, claro que dou destaque aqui ao casal e aos atores Julian Richings e Sheila McCarthy que conseguem com maestria nos passar toda a dor daquele luto, da dor que é seguir em frente, do apelo e da decisão desesperada que tomaram.
Senti uma leve queda no filme já perto do final, coincidentemente quando tudo já está fora do controle. É quando entra na trama mais um elemento que até poderia trazer mais riqueza àquela história, mas o artifício de advogar em causa própria só funcionou mesmo como subterfúgio a ser mais um a estragar o que os avós de Jackson tramaram por tantos meses para dar certo. Como falei lá em cima, ele fica a um ponto de virar uma comédia de erros.
Anything for Jackson é produção da Shudder, então já vale uma conferida, né?
Anything for Jackson (2020)
IMDb | Rotten Tomatoes | Letterboxd | Filmow
Direção Justin G. Dyck
Duração 1h36min
Gênero(s) Terror
Elenco Sheila McCarthy, Julian Richings, Konstantina Mantelos +
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