Anos após a morte de JigSaw, acompanhamos inúmeras tentativas, por vezes frustradas, de ressuscita-lo por meio de outros personagens afetados pelo distorcido senso de justiça do personagem icônico. O retorno dos jogos, segundo diretores e roteiristas, tinha como objetivo manter não somente sua memória viva, como também de serem nada mais nada menos do que puros caça níqueis de fãs ávidos por cenas engenhosas que levavam a mortes agoniantes mas sem contar com revelações tão assustadoras que justificassem tais atos além da originalidade que ficou lá atrás com o primeiro filme.
Tendo sugado todo o sumo da franquia os produtores deixaram personagem e obra (a original, é claro) finalmente descansar com o lançamento de Jogos Mortais: Jigsaw, lançado em 2017, e desde então tivemos tido anos de paz, tranquilidade e originalidade na medida do possível no gênero em si. No entanto, Chris Rock (sim, o Chris), humorista notório, decidiu encabeçar uma nova trama que conta também com Samuel L. Jackson e Max Minghella. A estória se centra no detetive Zeke Banks (Chris Rock) que passa a investigar os novos jogos criados por um imitador que tem como alvo os policiais pertencentes a divisão a qual Zeke se estabeleceu mesmo diante a sombra de seu pai e denuncias contra colegas corruptos.
Por ter se originado no campo do humor Chris Rock tem uma dificuldade imensa de aprofundar a pretensa seriedade que busca interpretar, ou talvez, desconhecendo suas intenções, pode ser que as caras e bocas que surgem vindas dele sejam justamente com o pretexto de considerar toda aquela situação como sendo algo ridículo e/ou deverás inverossímil. Vale ressaltar, que o filme dirigido por Dareen Lynn Bousman (responsável pela super legal Jogos Mortais II e pelas sequências não tão inspiradas III e IV) como muitas produções atuais tem seus altos e baixos: cria alguns bons momentos de tensão, e em outros mal consegue manter de pé todo o ambiente criado lá no comecinho da película.
Ainda que muitos fãs revirem os olhos para a proposta criada por Josh Stolberg e Pete Goldfinger por conta dos muitos erros, diga-se de passagem - principalmente em relação a instabilidade na estória que faz com que o espectador divague em vários momentos e busque o celular algo mais interessante -, essa ausência de regularidade em amarrar de forma concisa as pontas soltas faz com que atmosfera que começou bem se desintegre no decorrer do filme.
Desta forma, ao mesmo tempo que o filme carece de uma direção mais firme e roteiristas melhores, ele tem consigo certa vitalidade e originalidade que a muito não se via na franquia. Se afastando quase que por completo (quase) da sanguinolência e da violência gratuita para dar lugar a um suspense sutil, gerando sobrevida a uma franquia que foi massacrada pelas constantes sequências sem sentido. Definitivamente não é o melhor, posto este que é sabidamente do primeiro filme, mas também não é a pior produção do gênero como alguns tem dito. Tem seu charme, porém muitos vão passar a odiar o Chris.
Espiral: O Legado dos Jogos Mortais (2021)
Spiral: From the Book of Saw
IMDb | Rotten Tomatoes | Letterboxd | Filmow
Direção Darren Lynn Bousman
Duração 1h33min
Gênero(s) Terror, Suspense
Elenco Chris Rock, Samuel L. Jackson, Max Minghella +
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