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  • Foto do escritorTati Regis

Cães não usam calça (2019)

Eu não assisti a muitos filmes de horror finlandês, mas um dos filmes de natal favoritos daqui de casa veio de lá: Rare Export: A Christmas Tale (2010). Tem também o Hatching desse ano que é um body horror sobre amadurecimento e é um baita filme. E aí esses dias vi na Mubi o Cães Não Usam Calças (2019) que é uma história basicamente sobre luto e superação. Juha (Pekka Strang) perde a esposa num acidente na casa do lago deles, ela se afoga enquanto ele tira um cochilo e acorda com o choro da filha. Desesperado, ele corre para tentar salvá-la e nessa busca já lá no fundo, ele desmaia e tem a visão de que a amada está indo em sua direção. Anos se passam, a pequena Elli (Ilona Huhta) agora é uma adolescente e Juha, que é médico cirurgião, seguiu a vida, porém sem encontrar mais nenhum bem querer. Ele se contentou em se masturbar com o perfume favorito da esposa morta borrifado numa peça íntima dela que ainda tem guardado. Mas tudo muda na vida desse homem quando ele leva sua filha num estúdio para colocar um piercing e, enquanto ela está na missão, ele sai andando pelo local até esbarrar com Mona (Krista Kosonen), uma dominatrix que ao confundir Juha com um cliente, o derruba no chão e o sufoca com a haste de seu chicote. A princípio ele se assusta, porém não esboça resistência. Eles são interrompidos pela filha, Mona se assusta e pisa com o salto na unha dele. Os dias passam e a lembrança desse momento fica cada vez mais presente no homem o deixando inquieto com a ideia de repetir o ato, só que dessa vez mais preparado. É a partir daí que a história cai num espiral de dor, prazer, culpa, dor, amor, romance, desafios e limites (ou não).



J.-P. Valkeapää é um diretor bastante promissor e vem construindo uma carreira sólida com seus primeiros longas que receberam bastantes elogios e prêmios. Ele chegou a ser comparado a Andrei Tarkovsky, mas ele mesmo diz que suas maiores influências são os representantes alemães do cinema mudo dos anos 20 como Fritz Lang e Murnau. Em Cães Não Usam Calças, seu mais recente trabalho na direção, ele nos entrega uma obra que escala de paraíso a inferno em minutos. É até difícil de classificar e gosto bem disso, pois a gente não sabe muito o que esperar de filmes assim. Tira a gente da zona de conforto, literalmente. É uma trama que te faz caminhar por gêneros diversos como o terror, a comédia, o drama e o romance. Sem falar na total entrega dos atores que em determinados momentos e a depender do seu grau de envolvimento com a história, pode até se sentir desconfortável nas cenas mais grotescas. E o grotesco, para alguns pode ser fascinante, belo e até excitante, não é mesmo? Juha se desafia a cada encontro com Mona em suas brincadeiras sexuais de asfixia. Sua missão é perder a consciência e encontrar novamente sua esposa igual no momento do resgate. Quanto mais tempo desacordado, melhor pra ele. O fascinante disso tudo, é que ao mesmo tempo que você se sente apavorado com cenas cada vez mais pesadas, você também não consegue segurar o riso, mesmo que seja aquele riso cheio de culpa do tipo "estou rindo, mas não deveria".


Cães Não Usam Calças é um deleite visual que flui fácil pelos tons pastéis alegres até chegar no néon e no vermelho sangue erótico que se mistura com o preto do couro. Tá disponível na Mubi e fica aqui minha recomendação.



 

Koirat eivät käytä housuja (2019)

Cães não usam calça


Direção Jukka-Pekka Valkeapää

Duração 105 min

Gênero(s) Terror, comédia, drama

Elenco Pekka Strang, Krista Kosonen, Ilona Huhta +

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