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  • Foto do escritorMyka Carvalho

Você Tem Medo do Demônio?

Que filmes sobre exorcismos são sucesso entre os amantes do cinema de horror, todo mundo sabe, mas embora o figurino de Lorna Marie Muler, profissional premiadíssima e responsável pelas roupas de séries como Peaky Blinders, seja bastante coeso, o filme O Exorcista do Papa (2023 - Julius Avery) desagradou muita gente pelo CGI prejudicado e atuação dos possuídos.


Particularmente, e claro, com o olhar voltado para as roupas, achei divertido. Uma farofa é sempre boa para acompanhar a feijoada (e aqui ressalto que não é piada intencional com a cena do porco, no início do filme). Fato é que a paleta de cores dos personagens conversa muito bem entre si e também com as paredes frias e esverdeadas da Abadia onde a criança é atormentada por um demônio milenar, que tem como alvo fazer fofoca pra prejudicar a Igreja Católica e ao mesmo tempo causar discórdia em homens de fé. Por isso, o Padre Gabriele Amorth é designado para resolver a situação trajando batina preta, chapéu de feltro, uma maleta e muita neblina. E não, não é apenas coincidência: a referência ao filme O Exorcista (1973) é explícita e bem feita, fazendo quem adora o filme de William Friedkin se sentir aconchegado.



As batinas e todo o figurino envolvendo Sacerdotes, Bispos e o Papa, são de um acabamento primoroso, com tecidos de qualidade, o que faz sentido vendo trabalhos anteriores de Lorna, que tem experiência com obras de época que exigem capricho extremo. Os tecidos de boa qualidade fazem a gente esquecer por algum tempo o sotaque italiano que Russell Crowe faz, que pode não ser impecável, mas é entretenimento puro. Um detalhe ótimo na batina de Amorth é o símbolo do Vaticano estampado ao lado esquerdo do peito, sem contraste de cor, apenas um relevo discreto e sofisticado. Além disso, ver o personagem tão bem construído em seu bom humor andar pela Europa com sua motoneta e óculos amarelos costura bem o tom do filme. Não é pra ser levado a sério, nem o próprio filme se leva. É para se divertir! Na pré-estreia, o cenário de um quarto com atores encenando um exorcismo mostrou que faz parte desse universo não ser culto 100% do tempo. É preciso relaxar também.


Ponto negativo: Nossa Senhora surgindo do chão em tecidos esvoaçantes de qualidade duvidosa e contrastando demais com a qualidade do restante do figurino. A princípio, fiquei indignada. Depois, entendi que o demônio também age de maneiras misteriosas e digamos que, cof cof, não era exatamente a mãe de Jesus ali. Não me junto então aos que acharam o filme desagradável, e também não tenho medo do demônio, apenas de figurinos ruins.



Obs.: meu crush de adolescência no Russell Crowe não influenciou a construção dessa resenha ;)

 

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