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  • Foto do escritorTati Regis

Sick (2022)

A pandemia nos trouxe mortes, desespero, ameaças e muitas incertezas em vários âmbitos de nossas vidas. No cinema de terror não foi diferente, muito se perguntou como ficariam as histórias daqui pra frente e de como reinventar o medo, já que tivemos que lidar com ele na vida real de perto e cara a cara. Muitos cuidados, limpezas em embalagens, máscaras seguras e quanto mais, melhor, muito álcool em gel, distanciamento, isolamento, solidão. Mas, ao mesmo tempo em que tinham aqueles que procuravam pensar no coletivo e cumprir as normas e regras sanitárias, teve também quem desafiasse tudo isso com ideias negacionistas, aglomerações em festas e gente que não usava proteção quando estava em ambientes fechado, entre outras coisas que lá por 2020 a gente achava um absurdo. É nesse contexto que acontece Sick, bem no auge da pandemia, quando achávamos que todo cuidado era pouco.


Com elenco reduzido, história simples e quase todo passado em único ambiente, Sick foi o meu primeiro filme de horror assistido em 2023. Produção original do Peacock, foi escrito por Katelyn Crabb e Kevin Williamson, conhecido por desenvolver e escrever o roteiro do filme Pânico (1996) e dirigido por John Hyams (Alone, 2020 e a série Black Summer). Na trama, que traz uma mistura de Slasher com Home Invasion, acompanhamos duas garotas que decidem passar o período de isolamento juntas numa casa de campo dos pais de uma delas. Tudo começa de uma forma bem clássica com alguém sendo perseguido por um desconhecido dentro de um supermercado com pessoas desesperadas atrás de papel higiênico (até hoje não entendi esse rolê) e apavoradas com qualquer espirro e tossezinha. Nesse momento percebemos qual vai ser o tom do filme, pois tudo é tratado com bom humor. Ainda não sabemos muito da pessoa que está sendo perseguida e o que fez, mas sabemos que a qualquer momento ela vai morrer e isso acontecendo, o filme toma seu verdadeiro rumo e assume um ritmo frenético.

Corta para as verdadeiras protagonistas. Parker (Gideon Adlon) e Miri (Bethlehem Million) são duas melhores amigas e Parker oferece a casa dos pais, num lugar lindo e isolado, para elas passarem juntas e sozinhas o isolamento. Parker não é tão cuidadosa quanto Miri, que sabe da importância e da necessidade de se isolar e do uso de máscaras, chamando a atenção da amiga, afinal, embora não apareça, ela comenta que tem um pai que se pegasse a doença, possivelmente morreria. Já sabemos que estamos lidando com duas pessoas que não têm o mesmo cuidado com as regras sanitárias, mas mesmo assim, Parker está disposta a colaborar com a segurança de Miri. As duas se instalam na casa, comidinhas, vinho e conversa vai, conversa vem, aparece um convidado inesperado, DJ (Dylan Spayberry), um interesse romântico de Parker. Elas relutam em receber o rapaz, mas ele argumenta que viajou até ali e que poderia ao menos passar a noite para ir embora pela manhã, a contra gosto elas aceitam, mas aí aparece outro convidado, só que dessa vez, um completo desconhecido e ainda por cima mascarado, não por causa da covid, se é que vocês entendem e dá início a momentos intensos de suspense, medo e tensão.


Sick traz lembranças e gatilhos de uma época recente que fez a gente se sentir ora idiota, ora uma super pessoa por está seguindo o que acreditávamos ser o certo. O filme te deixa com aquele sentimento muito realista, mas também dúbio, porque como a maioria dos slashers, ele traz a punição moral para jovens pecadores. Sick também me fez lembrar também deste artigo aqui escrito por Julieann Stipidis que li lá em 2020 no início da pandemia sobre o horror ser um gênero que está sempre acompanhando o estado atual em que o mundo se encontra. O texto ressalta sobre as rígidas regras da pandemia “não saia de casa, ele (o vírus assassino) pode estar em qualquer lugar perseguindo todos nós; não faça festas com amigos, não se toquem, não faça sexo” e por aí vai… e aí é impossível não associar rapidamente aos filmes que têm uma ameaça assassina a solta te perseguindo, seja um Michael Myers mascarado tocando o terror em Haddonfields ou simplesmente alguém querendo se vingar de uma estripulia com horríveis consequências em meio a uma rígida pandemia.


O final me deixou muito dividida, com muitas questões e eu não vou falar mais nada sobre o filme para não estragar sua experiência. Acho que vale dar uma chance para essa produção, pois se você é fã da franquia Pânico, vai se sentir em casa e ver muitas semelhanças com o clássico dos anos 90 que influenciou o gênero e segue até hoje dando frutos.


 

SICK (2022)


Direção John Hyams

Duração 83 min

Gênero(s) Thriller, Horror

Elenco Gideon Adlon, Bethlehem Million, Dylan Sprayberry +

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